terça-feira, 27 de agosto de 2013

O porquê das surpresas num Grand Slam


Este é também um tema que me deixa sempre a refletir: como é que nos 4 picos de maior importância num ano dum tenista, acontecem tantas surpresas e com tanta facilidade. Só hoje e ontem, em 31 jogos do torneio masculino, caíram 10 favoritos: entre eles o Nishikori, o Gulbis, o Verdasco, o Almagro, o Dimitrov e o Janowicz.

Isto deixa-me a pensar: então (ainda por cima no US Open, que a par do Roland Garros é dos torneios com mais torneios de preparação prévia), como é possível que com tanta importância depositada num torneio desta categoria (ou seja, agora é que é a valer), os melhores são tão surpreendidos?!

Passando à frente a possibilidade de entrarem em court como vedetas, com o jogo já ganho e depois são surpreendidos, vou falar mais pelo outro lado, pelo do não favorito, por quem não se dá nada e acabam por surpreender. Li algures depois do Australian Open que a prestação da Maria João Koehler lhe valeu um prize money correspondente a aproximadamente 70% das suas despesas anuais. Só por aqui já se pode ter uma pequena noção da importância duma boa prestação num Grand Slam por parte dum tenista mais fraco e com menos possibilidades.

Jogar um Grand Slam nem sempre é fácil, isto porque os Grand Slams estão bem espalhados no mundo. Como o Gulbis disse, e bem (na minha opinião), é preciso ponderar bem uma ida à Austrália para jogar o qualifying do Australian Open: o dinheiro que se vai gastar nesse espaço de tempo não é pouco para quem não sabe se passados 2 meses vai estar numa boa posição com bons resultados, correspondendo às expetativas.

Embora haja tenistas que aos 20 anos já tenham alguma fama e já se considerem vedetas, há aqueles que têm qualidade, talento, e ainda assim, chegado um Grand Slam, dão tudo o que têm, elevam os níveis de sacrifício para níveis astronómicos e fazem o impensável. Temos o caso do Gonzalez que hoje eliminou o Janowicz e mesmo o Dan Evans que ontem eliminou o Nishikori: ambos jogaram a um nível digno de top50.

A acrescentar, a pressão de jogar um Grand Slam ainda é maior para os tenistas de topo, é aqui que eles defendem o seu nome e jogam em grandes palcos. Do outro lado, vejo um jovem por quem ninguém dá nada e não está lá com pressão. Por exemplo, o Haider-Maurer frente ao Gulbis não tinha nada a perder, e com certeza jogou a um grande nível, acabando por ganhar. Jogar num grande palco numa primeira ronda dá mais favoritismo ao "dog", ou melhor, retira algum favoritismo ao favorito. E já sabemos, quem não tem nada a perder, no ténis, é capaz do melhor (avé Rosol!).


Sem mais, resta-me dar os parabéns à Maria João Koehler que hoje fez um bom jogo, complicado contra uma adversária chata, mesmo assim acho que este US Open já foi a um bom nível (alcançou ainda um feito histórico, aos 20 anos, é a primeira portuguesa a competir nos 4 quadros principais dos Grand Slams num ano). Quanto à Michelle, boa vitória, a Kirilenko não é invencível e fico com água na boca para ver esse encontro. Quanto ao João, sem palavras. Podia ter vencido o Dimitrov num jogo em que o búlgaro estivesse muito mau e lesionado, mas indo a 5º set não me parece que tenha sido o caso, e é sem dúvida uma grande vitória! O Nieminen não é nada por aí além e gostava de o ver jogar contra o Djokovic.

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